Cientistas criam sistema de filtragem de água inspirado no corpo humano
“Mil vezes mais eficiente”. Cientistas criam sistema de filtragem de água inspirado no corpo humano.
Investigadores descobriram um novo método extremamente eficaz de filtragem de água sem querer, enquanto estudavam a forma como a água é transportada por membranas no corpo humano.
As aplicações possíveis para a descoberta são espetaculares e vão desde tecnologia de dessalinização até tecidos protetores e sistemas de captura de carbono. Um artigo sobre a o estudo foi publicado na revista científica Nature Nanotechnology.
O plano inicial dos investigadores era criar membranas artificiais que imitassem as aquaporinas, canais formados por proteínas especiais que atravessam a membrana celular e conduzem moléculas de água para dentro e fora das células do corpo humano.
As aquaporinas são sistemas rápidos e eficazes de filtragem de água, e criá-las artificialmente poderia ter muitas aplicações interessantes. No entanto, acabou por não correr como o esperado. Enquanto estudavam esse processo natural, os cientistas acabaram por descobrir outro ainda mais eficaz.
“Estávamos a tentar copiar o já complicado processo de transporte de água usado pelas aquaporinas e deparamo-nos com um método inteiramente novo e ainda melhor. Foi completamente casual. Não tínhamos ideia de que isso iria acontecer”, contou Manish Kumar, professor do departamento de engenharia civil, arquitetura e engenharia ambiental da Universidade do Texas e um dos autores deste novo estudo.
As aquaporinas funcionam muito bem de forma independente, enquanto as membranas desenvolvidas pela equipa americana não conseguem trabalhar adequadamente sozinhas. Combinadas numa “rede”, no entanto, são altamente efetivas para transportar e filtrar água.
“É difícil até imitar efetivamente as complexidades de como o corpo humano funciona, especialmente a nível molecular. Desta vez, no entanto, a natureza foi o ponto de partida para uma descoberta ainda maior do que poderíamos esperar”, resumiu Kumar.
Um dos resultados mais interessantes do novo estudo é que a nova rede de membranas artificiais possui propriedades de dessalinização impressionantes. Logo, poderia ser muito útil para separar sal da água, um processo atualmente extremamente ineficaz e caro, bem como para possivelmente remover outros contaminantes.
“O nosso método é mil vezes mais eficiente do que os processos atuais de dessalinização em termos de seletividade e permeabilidade. Para cada 10.000 moléculas de água salgada que passam pelos atuais sistemas de dessalinização, uma molécula de sal pode não ser filtrada. Com a nossa nova tecnologia, uma molécula de sal para cada 10 milhões de moléculas de água não seria filtrada”, explicou Kumar.
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