A digitalização da segurança e saúde na construção
O setor de Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação está a passar pela designada Revolução Industrial 4.0, o que, associada à cada vez maior complexidade dos projetos, com orçamentos cada vez mais restritos e ritmo de execução mais rápido, implica uma mudança de paradigma nos atos de conceber, construir, operar e manter.
O aparecimento de novas tecnologias, tais como o Building Information Modelling (BIM), Realidade Virtual (VR), Realidade Aumentada (RA), Internet das coisas (IoT), Teleoperação (veículos aéreos ou terrestres não tripulados), Big Data (BD) e Inteligência Artificial (IA) leva a que estas ferramentas comecem a tornar-se uma resposta fundamental à crescente necessidade de otimização de processos, procedimentos, tomadas de decisão e modelos de negócios. Relembre-se o estipulado nos Princípios Gerais de Prevenção, que referem que deve ser atendido o estado de evolução da técnica.
Nos últimos anos, e a nível internacional, tem vindo a haver uma gradual utilização de algumas destas tecnologias, sendo que já existem algumas empresas, principalmente multinacionais de grande dimensão, que estão a desenvolver esforços substanciais para utilizar a aplicação destas para efeitos de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) em cenários reais. Porém, nesta área, estas tecnologias ainda não alcançaram o destaque que têm em outras áreas.
A primeira área onde estas tecnologias podem ter aplicação relevante é na gestão documental. A crescente complexidade dos projetos de construção exige uma maior e melhor colaboração entre as partes interessadas, dado a existência de cada vez maiores volumes de documentação (em papel ou e em suporte informático, mas sempre com centenas de atributos muitas vezes difíceis de agregar e interpretar).
As novas tecnologias, designadamente o BIM, permitem a agilização da partilha e tramitação da informação (cada vez mais abundante) através de ambientes colaborativos que todos os intervenientes alimentam com a informação respetiva, minimizando os riscos de perda ou contradição de informação. As novas tecnologias permitem ainda a interpretação automatizada da informação a uma velocidade bastante superior ao que aconteceria se fosse feito por um ser humano. Dá-se o exemplo da IA, associada a BD, quer permite, de um modo muito mais simples do que o habitual, realizar a referida agregação e interpretação de dados, bem como a previsão de cenários (positivos e negativos) tendo em conta o histórico de dados recolhidos. (…)
Por Manuel Tender, coordenador de segurança, especialista da Ordem dos Engenheiros, Digital4OSH – investigador responsável.
In Construção Magazine
(para ver o artigo original, clique aqui)